segunda-feira, 26 de julho de 2010

Confessionário e divã: analogia técnica

O cronista pelotense Rubens Amador colabora enviando um artigo que estabelece uma série de semelhanças entre a psicanálise como técnica e a instituição católica do confessionário.

Freud e o Confessionário

Em seus estudos sobre religiões e culturas antigas, literatura e medicina, chega a parecer que Sigmund Freud emprestou ao confessionário e sua técnica uma importância invulgar, embora em qualquer de suas obras tenha eu visto ou tido notícia de que jamais tenha ele interligado uma coisa com a outra.

Mas Freud constatou que o crente, ao confessar seus pecados, encontrava um real alívio de seus conflitos eventuais. O método é atribuído a Freud, mas autores como Jones afirmam pertencer a Breuer.

O essencial dessa técnica seria a Catarse — que etimologicamente significa purgação, purificação, limpeza — ou, mais do que isto, seria o efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional e/ou traumatizante, até então reprimida.

Como certo, temos que um processo é secularmente antigo e o outro tem pouco mais de 100 anos. E nas minhas divagações imaginativas lembrei-me que o pano espesso e roxo que separa o confessando do confessor destina-se a não inibi-lo, antes de torná-lo apenas um desconhecido. Curiosamente, na técnica psicanalítica de Freud, a poltrona do médico fica, durante a sessão, às costas do analisando para desinibi-lo na sua Catarse ou “confissão”.

Em ambos os métodos quem procura o “desabafo” é sempre quem fala livremente o que lhe vier à cabeça (não estaria aí já a associação livre de ideias, tida como de Freud ou Breuer?).

O confessor e o analista, ambos em sua missão de aliviar as angústias do semelhante, só intervêm com observações altamente éticas e cada uma delas alicerçadas nos valores morais em que acreditam. Ambos com um desiderato altamente positivo.

Em verdade, trata-se de uma catarse a dois, pois sempre ambos — esta é a presunção — confessando e confessor, médico e paciente, atuam sob a égide do segredo, ora profissional ora de confessionário, cada qual altamente importante, pois capazes de reconstruírem um ser humano (ou também, com a mesma força, destruí-lo).

Observando as várias similitudes entre Freud, sua Psicanálise e o Confessionário, encontrei inclusive que ambos exigem basicamente uma “expiação” pelos “pecados”. O Confessionário impõe a penitência, em forma de várias orações, feitas em genuflexão, por vezes altamente cansativa e até mesmo dolorosa para os joelhos e a postura da coluna. Quanto à Psicanálise, a “expiação” se daria através dos honorários cobrados pelo Analista, geralmente compatíveis com a importância da cerimônia médica.

O curioso é que também, nas duas vertentes, se o ato “expiatório” não for realizado— é consenso — poucas serão as chances de que a paz seja reencontrada por quem a busca. Ficam estas especulações à apreciação dos amáveis leitores.
Rubens Amador

O cronista acerta em cheio, neste ousado paralelo entre ciência e religião. À base da proposta acima, que fica aqui como contribuição ao debate, ouso eu agora resumir as seguintes sete semelhanças e três diferenças (8-10) entre a confissão católica e a psicanalítica:
  1. A fala alivia a tensão, especialmente a dos sentimentos de culpa.
  2. O discurso associativo livre amplia a conscientização de lembranças.
  3. A intimidade e o segredo desinibem a expressão, obtendo mais revelações.
  4. Não olhar nos olhos do outro facilita a introspecção.
  5. Quem fala é ouvido totalmente, sem crítica nem obstáculos.
  6. Quem ouve não julga, mas faz observações éticas.
  7. Ambas técnicas enfatizam mais no sofrimento do que na reparação.
  8. A posição física busca: arrependimento (de joelhos) ou relaxamento (recostado).
  9. A frequência das sessões (anual ou diária) busca conservar ou transformar a transferência.
  10. A retribuição do paciente (penitências ou pagamento) vai à Igreja ou ao analista.
Imagens da web

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Villa Freud, bairro de consultórios

Existe em Buenos Aires um setor do bairro de Palermo, ao redor da Plaza Güemes, que a partir dos anos 60 sedia muitos consultórios de psicanalistas. Esse espaço urbano ganhou o apelido informal de Villa Freud (na pronúncia local, "bija frôi"), que até já se encontra na Wikipédia (leia).

Como um eco ao nome popular dessa zona de Buenos Aires, existe ali o Café Sigi (ponto de encontro de analistas e de analisandos), a farmácia Villa Freud, a loja de roupas Narciso e o restaurante Freud & Fahler (a primeira dona era psicóloga e o batizou com o nome de seus dois amores; Fahler era seu marido). Outros nomes populares dessa zona são: Palermo Sensible (alusão psicológica), Guadalupe (pelo outro nome da praça Güemes, já chamada também de Plaza Freud) e Alto (pelo shopping Alto Palermo). Mas Villa Freud é o nome mais emblemático, tanto na Argentina como internacionalmente.

Tanto assim, que suscitou um artigo do Wall Street Journal sobre a febre psicologista dos argentinos (leia), e até mesmo um documentário para a TV canadense, em preparação desde 2008 (Villa Freud - a Psychoanalitical Tango), sobre as relações entre o tango e a psicoterapia em Buenos Aires. Veja abaixo, no fim desta nota, um vídeo de antecipação (ou o sítio do filme).

Nos 70 anos da morte de Freud (setembro de 2009), o jornalista argentino Ariel Palacios publicou um extenso artigo no Estadão (leia). Ele diz que certo deputado da capital quis batizar uma quadra da rua Medrano como "Calle Freud", onde está o Café Sigi (cardápio à esquerda, clique para ampliar). Freud, segundo o deputado, é um dos poucos nomes que não suscita antagonismos na Argentina, pelo menos para batizar ruas (costuma haver brigas entre grupos de opiniões contrárias).

A Argentina é o país que tem maior concentração de psicólogos, em todo o mundo (um por 650 habitantes, de acordo com a Wikipédia), superando Estados Unidos e países europeus. Os argentinos do interior tendem a pensar que essa forte concentração é mais típica da neurótica Buenos Aires e não tanto do país.

Segundo o artigo do Wall Street Journal , a OMS registra na Argentina 121 psicólogos por cem mil habitantes em 2005 (no Brasil e nos EUA, eram 31). Em 2008, já eram 145 psicoterapeutas por cem mil argentinos (em Buenos Aires, 789 por cem mil).

Certa pesquisa encontrou, em 2009, que 32% dos argentinos haviam consultado alguma vez um psicólogo (em 2006 eram 26%). É preciso notar que na Argentina não se faz muita diferença entre psicanalista, psicoterapeuta e psicólogo, até porque a psicanálise é a corrente hegemônica.

Muitos argentinos (diríamos, obsessivos) podem estar vários anos em análise, parar e voltar a tratar-se. A jornalista Malele Penchansky, que publicou em 2009 um livro sobre a histeria cotidiana e a histórica (dir.), diz ter estado em sessões psicológicas (com interrupções) por quase 40 anos. Haja libido narcísica.
Imagens da web

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Freud comenta um livro cristão

Não só em livros sobre o significado da religião, mas em inúmeras passagens Freud se refere ao judaísmo, à Bíblia, a autoridades católicas (que governavam a Áustria de seu tempo) e a crenças cristãs. Mesmo pretendendo imparcialidade, predomina nele um tom pejorativo, ao reduzir sempre a religiosidade a um traço neurótico.

Num texto de 1921 sobre a psicologia de grupo, Freud comenta que é fácil observar a fuga de um grupo militar, mas bem mais difícil notar o fim de uma religião.

Ilustra o ponto com um romance que especulava sobre a caída do cristianismo: When it was dark (de Guy Thorne, pseudônimo do jornalista inglês Cyril Ranger Gull). O livro é pró-católico e foi até recomendado pelo bispo de Londres quando de sua publicação em 1903. Sem mencionar que o personagem conspirador era um judeu rico, Freud avalia o texto como "um hábil e convincente relato" sobre a dissolução de um grupo religioso.
  • O romance [...] conta como uma conspiração de inimigos da pessoa de Cristo e da fé cristã teve êxito em conseguir que um sepulcro fosse descoberto em Jerusalém. Nesse sepulcro encontra-se uma inscrição em que José de Arimateia confessa que, por razões de piedade, retirou secretamente o corpo de Cristo de sua sepultura, no terceiro dia após o sepultamento, e enterrou-o naquele lugar.
    A ressurreição de Cristo e sua natureza divina são dessa maneira refutadas e o resultado da descoberta arqueológica é uma convulsão na civilização europeia e um extraordinário aumento em todos os crimes e atos de violência, os quais só cessam quando a conspiração dos falsificadores é revelada
    (Psicologia de grupo e a análise do ego, seção V, volume 18 das Obras Completas).
O autor faz ver que a emoção ligada à debandada cristã não foi o medo (como num exemplo de pânico militar pela suposta morte do comandante), mas sim a crueldade, bem controlada até então pelo "amor equânime de Cristo", que unificava os fiéis como ideal do ego - parecido a como um general pacifica o seu regimento.

O amor de Cristo, segue Freud, somente valia para os crentes (aqueles com quem há o laço de amor e a mútua identificação do ego). Nisto o psicanalista não desconhece o evangelho, que exige repreender os erros dos irmãos, até estes se corrigirem, ou, caso contrário, ter o pecador como um não cristão. O texto bíblico imediatamente seguinte (ainda em Mateus, capítulo 18) ordena perdoar sempre, mas seria aplicável somente aos irmãos de fé . Por outro lado, Jesus também disse a frase pacifista: "Guardem a espada" (Mateus 26, 52).

A comunidade cristã, "mesmo que se chame a si mesma de religião do amor, tem de ser dura e inclemente para com aqueles que a ela não pertencem". Do mesmo modo - diz Freud neste texto - toda religião tem amor para seus fiéis e crueldade para os alheios a ela.

Em autorreferência indireta - ele que era vítima da intolerância religiosa (inclusive de cristãos) contra o povo judeu - Freud acrescenta que, quanto à crueldade, as pessoas descomprometidas da religião "estão psicologicamente em situação muito melhor" que as pertencentes a uma. Racionalmente, considera que, justamente por os crentes serem (e precisarem ser) tão intolerantes, não devemos ser severos demais ao criticá-los... "por mais difícil que possamos achá-lo pessoalmente" (outra sutil alusão ao que sente ser difícil: deixar de censurar os crentes).

Suas palavras tentam ser cuidadosas, pois ele mesmo era amigo pessoal de católicos e protestantes (mas o distanciamento é difícil, devido ao próprio sofrimento pela perseguição), e sua análise da intolerância parece fria demais, vazia do amor que percebe como falso nas religiões. A citação do livro inglês (figura acima) é uma sutileza sobre a tensão permanente entre judeus e cristãos, mas ele busca desviar o foco de sua situação pessoal.

Atento à política internacional - especialmente ao deslocamento da intolerância desde as religiões para o coletivismo marxista - Freud conclui notando que a violência religiosa havia amainado no século XX, mas não se poderia deduzir "uma suavização nos costumes"; ao contrário, a intolerância poderia até recrudescer.
  • A causa [da menor violência] deve ser antes achada no inegável enfraquecimento dos sentimentos religiosos e dos laços libidinais que deles dependem.
    Se outro laço grupal tomar o lugar do religioso - e o socialista parece estar obtendo sucesso em conseguir isso - [alusão à Revolução Russa de 1917], haverá então a mesma intolerância para com os profanos que ocorreu na época das Guerras de Religião [violência entre católicos e protestantes franceses, do século XVI], e, se diferenças entre opiniões científicas chegassem um dia a atingir uma significação semelhante para grupos, o mesmo resultado se repetiria com essa nova motivação
    (citação do mesmo texto de 1921, com parênteses acrescentados para esta nota).

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Freud Cidadão, um programa terapêutico brasileiro

O Programa Freud Cidadão é um espaço de atendimento psicossocial a pessoas com sofrimento psíquico, situado em Belo Horizonte. O objetivo é apresentar a essas pessoas "um novo circuito terapêutico e cultural que promova uma abertura à cidadania plena, mediante estímulo à participação no cotidiano social, escuta clínica e apoio à autonomia possível".

O centro funciona desde 2009 numa casa espaçosa com uma equipe de profissionais. Está cadastrado pelo Ministério da Saúde como clínica de especialidade privada. É o que aqui no sul chamamos de CAPS, um consultório-ambulatório, mas este é uma ONG. Apesar de ser de recente criação, já tem seu reconhecimento, graças a uma boa gestão, com atividades bem publicitadas. O blogue Freud Cidadão informa algumas delas.

O projeto se inspirou na figura do primeiro psicanalista, para ajudar a pessoa necessitada de apoio psíquico, neste caso nao somente os clássicos neuróticos, mas todos aqueles que precisam de boa comunicação e um contexto afetuoso. Enquanto em outros países o nome de Freud se liga somente à corrente psicanalítica, ou ao estudo mais introspectivo, filosófico e até elitista, aqui foi feito o vínculo entre a solene teoria e a prática solidária.

O pessoal do Freud Cidadão está na luta antimanicomial, e em 18 de maio passado participou num desfile com esse motivo.

Em junho, houve um arraial caipira (à esquerda). Apresentou-se o grupo musical Pink Freud, houve danças, exposição de arte e o lançamento de um livro de culinária com receitas "à la Freud Cidadão". Uma poesia foi declamada por Tânia Motta, em homenagem ao projeto: "Freud Cidadão Caipira. Por que não?! " (leia o texto completo).

Abaixo, a fotomontagem com a retrospectiva de 2009, e o fundo de "Bola de meia, bola de gude", com 14 Bis, letra de Fernando Brant e música do também mineiro Milton Nascimento.

Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração.
Toda vez que o adulto balança, ele vem pra me dar a mão.

Há um passado no meu presente, um sol bem quente lá no meu quintal.
Toda vez que a bruxa me assombra, o menino me dá a mão.

E me fala de coisas bonitas que eu acredito, que não deixarão de existir:
Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor.

Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver
E não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal.

Bola de meia, bola de gude: o solidário não quer solidão.
Toda vez que a tristeza me alcança, o menino me dá a mão.

Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração.
Toda vez que o adulto fraqueja, ele vem pra me dar a mão.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A metáfora da ameba (ou do tatu-bola)

Diz Freud que, normalmente, a carga amorosa de uma pessoa se situa no próprio ego e pode estender-se para incluir objetos amorosos externos, indo e voltando segundo as interações.

A metáfora da ameba (à direita) ilustra esse movimento possessivo do ego. Quando este lança seus "braços", está saindo do narcisismo autoerótico e iniciando uma relação com um objeto diferente de si mesmo.

Segundo Freud, o eu psíquico tem uma energia sexual permanente (a libido), e parte dela é transmitida a objetos (amados ou odiados, segundo os investimentos afetivos), "assim como o corpo de uma ameba está relacionado com os pseudópodos que produz" (Sobre o narcisismo: uma introdução, 1914).

Num artigo posterior, ele explica melhor a comparação: o ego é um reservatório, de onde a libido vai em direção aos objetos e para onde retorna, de volta dos objetos. Como ele diz neste texto, a situação pode ser ilustrada por uma ameba, pois seu corpo emite pseudópodes, prolongamentos que se podem retrair a qualquer momento, de modo que a forma da massa protoplásmica seja restaurada. A libido do ego pode converter-se em libido objetal, e esta pode reconverter-se em libido do ego. "Para a completa sanidade, é essencial que a libido não perca essa mobilidade", remarca Freud (Uma dificuldade no caminho da psicanálise, 1917).

A metáfora reaparece na 26ª Conferência de Introdução à Psicanálise. Freud começa dizendo que certos seres unicelulares - em forma de glóbulos - emitem pseudópodes [figura à esquerda], nos quais irrigam sua substância protoplásmica, mas podem também retrai-los e recuperar a forma esférica original.

Diz logo que esses prolongamentos são a afluência de libido em direção aos objetos, enquanto a massa principal de libido permanece no ego. Em circunstâncias normais, essa libido do ego pode transformar-se em libido objetal com relativa facilidade, e inversamente esta pode novamente ser devolvida ao ego ("A teoria da libido e o narcisismo", 1917).

Neste último texto, a explicação serve para entender estados psíquicos tão diversos como o sono, o luto e a melancolia, as paixões amorosas, a demência precoce, as doenças orgânicas, o homossexualismo e a hipocondria. Mas não convém tomar literalmente a comparação com os protozoários, até porque o mesmo Freud reformulará em parte seus conceitos sobre o ego e o id. As amebas terão uma última e breve menção, no cap. 2 de "Esboço de Psicanálise" (1938).

Ainda seguindo o texto ao pé da letra, a analogia sugere duas manifestações contrapostas:
  • a libido do ego, situada no corpo (autoerotismo), é como uma bola (um tirano gordo e socialmente insuportável, pois monopoliza o amor), e
  • a libido objetal, contida nos membros (desejo amoroso voltado a outros), é a ameba com pés, agarrando as coisas de que gosta.
Na verdade, o ego é a mesma estrutura, e a libido é a mesma substância, investida seja dentro do ego, seja fora. O que varia são os movimentos dessa energia:
  • dentro da origem (egocentrismo),
  • em direção à periferia do ego (buscando amar ou odiar), ou
  • de retorno ao ego (retração depressiva, em casos como perdas e separações).
Se Freud fosse brasileiro, teria mencionado o mamífero tatu-bola (abaixo) e o artrópode tatu-bolinha (à direita), bichos que sabem andar de forma estendida e, às vezes, como defesa se encapsulam no próprio corpo. Depois, é claro, caminham de novo.

Ficamos admirados com essas mudanças animais, talvez por serem movimentos psíquicos como os que nós mesmos fazemos, de ida e de volta. No narcisismo, não amamos nem odiamos ninguém fora de nós mesmos. No apaixonamento, adoramos com tal facilidade um objeto externo que nosso ego parece ter desaparecido. No desapaixonamento, a retração dói bem mais.

A patologia aparece quando esse vaivém se paralisa. Quando se perde o objeto amado, sobre o qual o ego havia jogado seus braços, a libido investida pode não retornar ao ego. A pessoa se sente podre, como se tivesse "engolido" o objeto morto. Sem retrair os pseudópodes, o ego não consegue reconhecer-se como vivo, pleno, estimável, prazeroso, independente. Segundo outra imagem freudiana, o ego em depressão sente cair sobre ele a sombra do objeto perdido (Luto e melancolia, 1915).

A blogueira Cris Beretta diz que os namorados mais numerosos são como o sapo que finge ser príncipe mas nunca deixará de ser sapo (leia aqui). O mais perigoso é o namorado "tatu-bola" que após um tempo de paixão se transforma num peso inútil, pois deixa de falar e até de mover-se, fazendo a menina se sentir como uma bola que caiu num buraco (leia aqui).

Será este mecanismo narcisista exclusivo dos homens? É preciso tomar cuidado, então, com toda pessoa que aplica ao namoro as regras psicanalíticas de abstinência, neutralidade e regressão narcísica, que só deterioram com mais angústias a relação com o outro. Serve para a análise, mas não para a vinculação amorosa.